ASSOCIAÇÃO LUSO-BRASILEIRA DE CAMPO GRANDE - MS

Jogadores ilustres do futsal se reencontram 30 anos depois no Estoril

O Clube Estoril recebeu nesse fim de semana (11) o 1º Encontro dos ex feras do futsal de MS, que reuniu os jogadores, árbitros, técnicos e gestores mais ilustres dessa cena nas décadas de 80 e 90.

A organização começou há cerca de um ano, a partir da criação de um grupo de ex jogadores que mobilizou aproximadamente cem pessoas para representar o que foi o futsal da época. "Pra você ter uma ideia nós tínhamos uma equipe que treinava ali na Mace e quando nós terminávamos o treino a gente tinha que dar as camisetas para as pessoas que foram assistir ao treino. Dentro desse grupo aqui tem muitas pessoas que abriram portas para outros atletas mais jovens que ao longo do tempo estudaram em escolas particulares ganhando bolsas de estudo através do futsal. É uma geração que abriu porta pra muita gente" disse o organizador e gerente do Clube Estoril, Nelson Zaminelli.

Campeões estaduais, metropolitanos, brasileiros em jogos abertos, vencedores dos maiores títulos da modalidade como Copa Morena e Taça Canarinho, os ex atletas eram só sorrisos e tiração de sarro a cada reencontro que o evento proporcionou desde o café da manhã, já que os trabalhos começaram às oito horas. "Vamos logo com esse café que eu quero começar a tomar cerveja" brincou um deles.

Observando com atenção o álbum de fotografias que Nelson deixou correr pela mão dos convidados, Bida relembrava os tempos áureos do esporte no estado. "É muito bom, muito bom mesmo. Eu também tenho várias fotos, guardo sempre porque é muito gostoso" disse o ex atleta, que jogou futebol de campo profissionalmente por cinco anos até embarcar por duas décadas no de salão. "Tenho amigos aqui que a gente não se via há mais de 30 anos. Inclusive até comentei com o Horácio 'coloca uma ambulância lá porque a idade é grande e a emoção vai ser muita, pode ser perigoso', haha, é muito gostoso rever esse pessoal" brincou Bida.

Zagueiro na época em que jogou no campo e ocupando a posição de fixo no futebol de salão, Manoel era conhecido como Mané Louco. "Isso porque não tinha muita habilidade e aí ia na força né" explica o apelido. Para Mané o estilo de jogar futebol atualmente é totalmente diferente, tanto dentro quanto fora das quadras. "Na nossa época o futebol era jogado, hoje em dia é muita jogada ensaiada, muito preparo físico. O jogador de salão joga no máximo seis minutos e naquele tempo jogávamos o jogo inteiro, uma diferença enorme, porque a bola rolava mais, cadenciava o jogo e não tem mais isso. Além disso tínhamos muito mais amizade do que atualmente. Por exemplo, acabava o jogo entre nós e o Santa Clara, saía todo mundo junto pra um lugar só, enquanto hoje acaba e cada um vai para um lado, infelizmente. Eu falo 'infelizmente' porque a gente é isso aqui olha, tem cara de 64 anos, 54 anos, que é de uma geração depois da nossa e vem ficar com a gente. Quer uma gratificação melhor que essa? Não tem né" afirma, enfatizando os laços de amizade duradouros.

Entre os que cruzaram o caminho de Mané Louco estava Mário Ramon Benitez, árbitro que, segundo Mané, apitava demais. "Esse cara chegava, arrebentava, eu apitava e ele falava que o cara estava simulando. A perna do cara balançando e ele falando que era simulação" ri, Benitez. Primeiro sul-mato-grossense a apitar campeonato brasileiro, Benitez conquistou respeito com sua atuação firme. "A autoridade do homem não está no tamanho, mas sim na postura, e é o que acontecia comigo, eu tinha uma postura enérgica. Eu tive uma criação muito dura, daquele tempo em que a gente tomava benção dos tios e dos pais com as mãos postadas, e eu passei isso para os meus filhos, para a minha criação e para o campo também. Eu era muito rigoroso e até muitas vezes me tornava chato por causa do meu rigor, mas era necessário" afirma, acreditando que seu posicionamento profissional o manteve próximo da turma de atletas. "Você vê onde eu estou, no meio em que estou. Se tivesse sido uma pessoa mau caráter eu não estaria aqui porque me sentiria envergonhado. Aqui tem pessoas de todos os meios, empresários, funcionários públicos federais, políticos, eu me sinto realizado porque consegui fazer aquilo que me propus a fazer tanto no futebol de campo quanto no futebol de salão. Eu vi gente aqui começar a jogar no dente de leite, hoje são homens realizados profissionalmente e isso é muito bom, vemos aquele fruto do nosso trabalho, porque além de apitar, nós tínhamos o convívio e nos colocávamos como educadores, como pais, então fico muito feliz. Eu tenho rede no meu quarto e na minha sala, e de vez em quando eu me pego na minha rede deitado lembrando desses momentos. Eu sonhava com um evento desses porque é o único meio da gente se encontrar e Deus preparou esse momento" afirmou o árbitro, que atua agora como cronista esportivo e comentarista de televisão.

Em um local com tanta gente do futebol não poderia faltar o elemento central das partidas, a bola. Carregando um exemplar original dos anos 90, Marcilio de Souza, organizador das competições da Taça Canarinho discorria sobre as diferenças para as atuais. "Essa bola é pesada, hoje é mais leve e vai mais rapidamente. Mas quem joga consegue jogar com qualquer bola" afirma. "Essa é histórica, 'do tempo do salão'".

Outro item "do tempo do salão" que se fez presente no encontro dos ex feras foi um clássico da "moda esportiva sul-mato-grossense": o tênis chinesinho. "Na década de oitenta a nossa recompensa por jogar era uma mochilinha personalizada e o tênis chinesinho" disse o presidente da Associação Luso Brasileira de Campo Grande MS, Horácio Andrino, que atuou no futsal nos anos oitenta. "Essa sola verde segura de um jeito que não escorrega". O dono que calçou o tênis especialmente para a ocasião foi Sulivan da Silva. "Isso aqui ajudou a gente a fazer sucesso. Quando o pessoal de São Paulo viu a gente jogando com esse chinesinho eles ficaram abismados 'mas rapaz esses caras vão jogar descalços, olha o tênis desses caras, isso não é tênis, isso é uma sapatilha'. Só que eles mal sabiam que isso aqui é levinho e encaixa tão bem no pé que a gente batia na bola como se a gente estivesse descalço, e tinha uma batida muito mais forte" relembrou Silva. Alguns colegas disseram que o ex atleta guardou o exemplar da época em que jogava bola, mas ele explica que ganhou o par de tênis de um amigo com quem jogou e que agora mora no Paraguai. "Nada melhor do que este tênis para este momento. Falei pro pessoal 'eu tenho à venda, se alguém quiser é só falar comigo', hahaha" brincou.

A manhã foi de muitos abraços e brincadeiras entre velhos amigos. Um dos momentos mais emocionantes foi a chegada de Carlos Alberto dos Reis, goleiro conhecido pelo apelido de "Macaco". Conduzido em sua cadeira de rodas pelo filho Rafael, Carlos foi recebido com entusiamo pelos colegas em frente ao salão social. Entre aplausos, abraços e beijos, Reis caiu no choro. "Ele tem esclerose múltipla e as emoções dele são à flor da pele, ele não consegue segurar, é bem emocionante" disse o filho, comentando a ansiedade do pai pelo reencontro. "A história dele é bonita, tem mais de trezentas medalhas em casa. Eu cheguei a vê-lo jogar mas era muito pequeno na época" disse.

O reencontro também foi uma oportunidade para homenagear e reconhecer a contribuição de cada um para o sucesso daquela fase do futsal de MS. Nelson anunciou no microfone diversos nomes que foram receber um certificado de participação como agradecimento, além de troféus e homenagens póstumas que devem ser entregues a familiares dessas várias personalidades. Um dos homenageados mais festejados foi Flávio Kayatt, "um dos maiores pivôs da época, difícil de marcar" segundo Mané Louco. "É muito agradável este reencontro, você revive momentos muito felizes da vida e compartilha com essas feras do glorioso futsal de trinta anos atrás. Me sinto um privilegiado estando no meio de tantos amigos que a gente fez como atleta no Mato Grosso do Sul" afirmou Kayatt.

Reconhecido com um troféu especial como o representante mais votado pelos colegas por diversas qualidades profissionais na época em que atuou nos salões do estado, José Nina Ferreira foi reverenciado na hora de receber o agrado e reagiu com muita humildade, como se espera de um grande atleta. "É de extrema alegria, mas aqui a grande maioria é de jogadores da maior qualidade, a festa é de todos" disse Nina, que atuava como ala.

Estava previsto um amistoso pela manhã, mas faltou quórum. Segundo o rapaz que estava anotando os nomes dos interessados, o pessoal queria mesmo era jogar no "viracopos" naquele dia. No grupo que organizou o evento, foram eleitos os jogadores que formaram o melhor time de todos os tempos. Também foi reconhecido o melhor árbitro e a melhor equipe.

Para o deputado Herculano Borges, que jogou futsal e se profissionalizou na área da educação física antes de seguir na carreira política, o evento tem tudo para ficar no calendário. "É uma alegria rever essas feras. Tenho certeza de que vai ser um evento tradicional, todos os anos com esses ex feras e 'esferas' do futsal, porque muitos são esferas, já se tornaram bola tudo, uns a gente nem reconhece né, de tanto que cresceu e engordou, hahaha, mas é um evento muito legal e estou muito feliz de estar participando" brincou Borges, que conquistou vários títulos e conheceu parte do Brasil e do mundo graças ao futsal, esporte pelo qual garante ter uma grande gratidão.

O atual presidente da Federação de Futsal de MS, Mauro Ferrari, também compareceu e ficou feliz com o que viu. Sob sua responsabilidade está o futuro do esporte no estado, que atualmente não carrega o mesmo status que na época dos ex feras, mas que justamente pela tradição pode retomar seu espaço. Mas, como reconhece Ferrari, os desafios são grandes. "Para você ter uma ideia, não podemos trazer eventos com magnitude para Campo Grande porque não temos ginásio. O palco, que é o famoso Guanandizão, está interditado há quatro, cinco anos. Se você quer lotar um ginásio hoje é preciso levar para o interior, pois lá continua lotando. Acredito que faltam incentivos públicos, nós não temos quase nada de recurso público. Antigamente tínhamos MS, Campo Grande, na liga nacional, isso em 93, 94, hoje não. Os nossos atletas saem e vão jogar fora. Mato Grosso do Sul tem direito e condições de estar na liga nacional" afirmou Ferrari.

No que depender de encontros como este, quem sabe a saudade aumenta o suficiente para inspirar as próximas gerações.

Texto e fotos de André Patroni.

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